No ponto onde nunca passa o meu ônibus. Passam os minutos, as horas, as pessoas que vão para Estácio, os papos. Nada do meu ônibus.
Hora dessas - Estácio, Rua Alice, Rio Comprido, quem vai? - chega um moço. Três maços de cigarro - Derby - nas mãos. Afobado. "Estácio não, tô é esperando uma pessoa."
Enquanto eu esperava o ônibus, ele esperava a pessoa. Uma pessoa, não necessariamente a pessoa. Seria muita sorte a dele, esperar pela pessoa e ela de fato chegar.
Enfim, os dois demoravam. Pessoa e ônibus. Mas esperávamos.
"Não é possível, duas horas da Tijuca até aqui, Me ligou cinco da tarde, pegando o ônibus. Puta que o pariu! Não era pra ter chegado?"
Eu disse que era. Ainda mais com a fartura de 422 (Grajaú-ali onde estávamos) que víamos passar.
Ainda perguntaram se ele esperava por um homem. Eu tinha certeza mais do que absoluta que não.
"Homem?! Se fosse homem eu não tava mais aqui, não esperava cinco minutos! Não suporto esperar, também odeio quando ficam me esperando!"
Tentaram convencer que ele esperasse, porque, afinal de contas, mulher demora - se não demorasse, seria como marcar encontro com um homem.
Até que era paciente, o moço. Duas horas. Resolveu dar uma volta.
"Esperar eu sei que vou. Agora, enquanto."
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Um comentário:
delicia vc! mto bom, as cronicas salvarao o mundo!
bjo eterno de saudade
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