Era uma incerteza tão certa que angustiava a alma. Era uma dúvida tão cruel que colocava em cheque todas as conclusões tiradas até então. Fazia desconstruir tanto do que já havia construído pela vida afora…
Eu sempre construí. E com tijolos. Quanto mais compacto, melhor. Vinha vivendo, até hoje, calcada nas certezas, sempre sabendo onde era seguro pisar. Era como se isso fosse meu fator de organização e, a partir dele, formava meu centro e minha periferia. De repente, fiquei sem. Ficar sem é ter falta de organização ou é ter desorganização? Isso ainda não sei responder. Um dia, pretendo eu, saber. Pretendo saber viver independentemente dessa resposta. Ah, se não precisasse de tantas respostas para um melhor-viver...!
Conviver com a incerteza – ou a própria falta de certeza, são situações diferentes – seria uma vitória. Isso eu só digo porque ainda não sei assim viver. Quando souber, vou achar coisa simples.
Diria, então, que dureza é viver na certeza. Que dureza! Como pode o Homem sustentar a combinação da flexibilidade da vida com a inflexibilidade de si?
Não sei. Mas foi assim que vivi até hoje, e me parecia uma dureza um tanto quanto reconfortante. Essa contradição era o que, tantas vezes, me equilibrava.
Não sei se o Homem precisa da firmeza de uma afirmação para que possa se construir. Eu sempre me apoiei na certeza com a ingênua intenção de ser amparada. É quase inacreditável constatar o quão abalável é minha estrutura. Logo eu, que acreditava ser tão bem sedimentada.
Sempre quis ter esperança. Pensar que o que hoje é fraco, amanhã é forte, e assim por diante. Queria de fato assim pensar. Ou, pelo menos, ter a certeza de que, uma vez perdida, minha esperança pudesse ser recuperada. Eu subestimo a força da esperança. Isso é porque ela nunca me provou a grandiosidade da sua potência. De novo, em evidência a minha tola necessidade de certeza, achando que é só a partir dela que vou conseguir me re-construir.
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