Foi quando chegou aos meus ouvidos uma idéia de lei-natural-dos-encontros. De primeira, soou macio. Mais tarde, comecei a fazer certa confusão. Sei que são muitas as leis. Tantas, que eu não coloco como tarefa decorá-las. Imagine se todos os Homens soubessem de todas as leis. Imagine se todos os Homens cumprissem com todas as leis que soubessem . Seria tudo tão correto! Quem seria fora-da-lei? (desconfio que seria candidata.) Viveríamos numa normalidade constante. Isso para mim seria caótico – o caos da normalidade. Talvez eu até fosse feliz nele.
Eu acho muito estranho “lei-natural”. Quem naturalizou a lei? Ninguém nunca perguntou para mim se considero lei coisa natural. Como podem, então, falar de lei-natural como se fosse algo comum do Homem? Será que eu deveria ser desconsiderada da humanidade? Eu questiono até a lei da natureza! Sei que tenho essa mania de questionar. Mas é que se realmente existisse essa lei-natural-dos-encontros, eu gostaria de ter acesso ao seu estatuto. Tenho uma leve esperança de que essa leitura torne essa uma questão mais clara para mim. É que não convivo facilmente com o mistério das relações. Isso pode ser um problema só meu. Eu sei. Queria saber usufruir do jogo que revela, aos poucos, o mistério. Tomara que alguém um dia me ensine. Imagino que seja complicado uma aprendizagem dessa por mim mesma.
Talvez eu tenha dificuldade com o que é natural. Eu tenho muitas dificuldades e uma esperança boba de que ler um conjunto de regras poderia me ajudar a entender. Que idéia!
Muito maior do que um banco, eu poderia construir uma arquibancada de idéias que eu deveria apenas guardar para mim.
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2 comentários:
Há-de haver uma lei natural dos encontros, que regule-os, estabeleça-os, dê-lhes sentido. Esse é o primeiro pensamento que possivelmente vem à cabeça de muitos. Mas há, aí, um certo desespero, temor da falta de sentido e de fio condutor da nossa mísera existência. Passo a pensar que só se postula esse “há-de”, pois precisamos de um tal sentido – mas ele existe de fato? Antes de nossa imposição tão violenta, estava ele lá? . Fazer do ordinário (encontro normal) uma necessidade – isso sim tarefa interessante: da simples vida, pulamos para aquela que criamos, a que tornamos interessante. Encontro, momento de intensidade que sempre gera um afeto – seja de alegria, seja de tristeza. A todo o momento somos afetados, mas, de repente, algo nos toma e nos força em uma nova direção. Em vez de abandonar a força, ignorá-la, como de costume, por que não resolver persegui-la? O grande jogo não tem regras, joga sozinho – até que interfiramos, até que demos a ele suas leis naturais. Absurdo?. Não. É preciso demarcar a nova lei (regra) natural do novo encontro. Ou quem sabe abandoná-lo, para sempre, para nunca mais. Talvez seja mais interessante criá-la, encontrá-la: a lei.
Aqui me alinho ao Vinicius: "a vida é a arte do encontro." -- Arte.
Afinal, se houver uma lei-natural, a arte é saber jogar com as leis elegantemente e encontrar nelas um espaço pessoal para expressão.
E se não houver lei-natural, então... -- então tudo é permitido. E então cito o Marlon aqui em cima, "Talvez seja mais interessante criá-la, encontrá-la: a lei" -- E então a lei não é dada de antemão, mas é expressão (artística) de um -- equilíbrio?
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