A campainha nem tinha sido tocada. Eu abri a porta, e estava lá. Uma plantinha que, de início, nem me chamou a atenção pela beleza. Mas eu, receptiva que estava, trouxe-a para dentro de casa. Nem sabia que estava tão disponível para me envolver - com a planta.
Em uma semana nossas conversas já eram uma delícia. Pudor, então, nenhum. Falava de tudo e perambulava sem roupa. Às vezes, durante a noite, eu sentia que ela me abraçava.
Em um mês, a plantinha tinha uma parte enorme do meu carinho. Passei a acreditar na minha relação com a planta. Depositava expectativas e tudo mais.
Foi, então, que, aos poucos, ela parou de me abraçar durante a noite. Parou de me dar beijo-de-bom-dia. Parou de se deliciar conversando comigo - será que um dia foi uma delícia?
No começo, eu chorei.
O carinho, eu sabia - ainda estava lá.
Mas eu. Eu não sabia estar com a planta e não me sentir abraçada durante a noite.
Então eu me levantei. Peguei-a com as duas mãos, sem nenhuma firmeza. Sem nenhuma certeza do que fazia. Abri a porta. Deixei-a ali, do lado de fora. Se um dia, ela quisesse de novo.
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