A luz dos olhos meus não sabe para onde olhar. A luz dos olhos meus é, às vezes, um pouco opaca. Uma luz sem brilho. Será que em alguns momentos fico sem luz nos olhos? Eles sobrevivem no escuro? Talvez eu já tenha passado por uma escuridão no olhar sem ter me percebido no escuro. É tanto que passa desapercebido por mim. E tanto que eu deveria não perceber, mas que faço questão de perceber até morrer. Perceber até o que não existe.
O que faz meus olhos brilharem é um perigo. Quem tem um poder desses, de dar a luz, que não é só ao meu olhar, é claro, tem outros poderes que nem me atrevo a imaginar! Parece com poder de mãe, mas a luz que dá a mãe é a da vida física, a entrada no mundo-da-gente. De pessoa física. Quem aumenta a intensidade da luz dos meus olhos me dá uma vida maior do que o corpo que foi me dado. E é essa a luz da vida, que quando some, parece que mata.
Talvez até seja possível a vida na escuridão. Quem sabe esse é meu mais novo desafio? Aprender a viver em luz baixa. Ou - talvez, quem sabe, por que não? – me iluminar de inúmeras fontes luminosas?! Eu sempre penso nessa possibilidade, na possibilidade de me alimentar da variedade. Mas é que eu não fui acostumada assim, e não acho a distribuição simples. Eu funciono inteira. Ser concentrada é, agora, mais do que característica.
Acho que preciso de uma reformulação. Nunca pensei que fosse tão difícil me diferenciar do que nem sempre foi meu. Pensar que o que quase me define hoje pode ser o oposto de mim daqui a um tempo (ah, o tempo...) causa calafrio. Eu misturo dentro de mim uma delícia de curiosidade de não saber o que serei mais para frente com uma insegurança forte. Insegurança por não saber o que serei mais para frente. (como se fosse segura agora, quando também não sei o que sou.)
Alguém aí sabe o que é?
Melhor que eu não saiba o que sou, por agora. Melhor ainda que eu não saiba o que serei mais pra frente. Eu não dou conta de tanto.
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